Aluísio Alberto Dantas 1
O Papa Francisco vem contribuindo com a busca uma nova economia socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável e eticamente responsável: “
2 A proposta de uma “nova economia”, preconizada pelo Papa Francisco, está fundamentada nos princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja sobre a dignidade da pessoa humana, que conduzem o ensinamento social católico e o Magistério da Igreja: bem comum, subsidiariedade, solidariedade, justiça, fraternidade, participação, destinação universal dos bens e sustentabilidade (CDSIg,160).3
A nova economia profetizada pela Igreja – “a economia de Francisco” – visa a construção de novos caminhos econômicos que possam contribuir com o equilíbrio das relações sociais de produção e de distribuição de bens e serviços do mundo contemporâneo; a redução dos sérios e graves problemas estruturais da economia mundial; a busca da valorização da vida; o atendimento das necessidades; e o cumprimento do inviolável princípio cristão da dignidade humana. Assumindo o novo protagonismo de quem é excluído, a reflexão de uma nova economia socialmente justa questiona as leis e teorias econômicas que priorizam o lucro e o processo de acumulação do capital. O Papa Francisco solicita e motiva a análise reflexiva de fatores, condições e decisões que contribuem para o processo estrutural de desigualdades econômicas e de exclusão social.
Contando com a participação de importantes cientistas e atores da economia social, a “economia de Francisco” motiva a reflexão e análise das leis e teorias econômicas que contribuem para o processo de desequilíbrio das relações sociais, das desigualdades e da exclusão social. Objetivando contribuir com o reequilíbrio social, o Papa Francisco motiva jovens economistas e empreendedores do mundo inteiro, “a fim de estabelecer um “pacto” para mudar a economia atual e atribuir uma alma à economia de amanhã” (Carta). A “economia de Francisco” resgata o espírito de São Francisco de Assis e tem o seu início na cidade de Assis (Itália), lugar apropriado para inspirar uma nova economia, “pois foi ali que Francisco se espojou de todo mundanismo para escolher Deus como bússola da sua vida, tornando- se pobre com os pobres e irmão de todos” (Carta). Está programada a realização de mesas-redondas para a discussão e análise de temas que permitam o avanço de conteúdo e de ações da nova economia proposta pela Igreja. A priori foram listados os seguintes assuntos: administração e dom; finanças e humanidade; trabalho e cuidado; energia e pobreza; agricultura e justiça; business e paz; mulheres pela economia; CO2 das desigualdades; lucro e vocação; empresas em transição; vida e estilos de vida; policies e felicidade.
A economia de Francisco mantém, continua e amplia a doutrina social da Igreja, iniciada com a Carta Encíclica “Rerum Novarum”, do Papa Leão XIII (15 de maio de 1891). O Catecismo da Igreja Católica (CIgC,2421) afirma que a doutrina social da Igreja se desenvolveu no século XIX, por ocasião do encontro do Evangelho com a sociedade industrial moderna, suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, sua nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, suas novas formas de trabalho e de propriedade.4
1 Professor de Economia da UFRN (aposentado) e do UNI-RN.
2 Carta do Papa Francisco para o evento “Economy of Francesco”. <www.vatican.va> Acesso: 20/3/2020.
3 Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Compêndio da doutrina social da Igreja. – São Paulo : Paulinas, 2005. 4 Santa Sé. Catecismo da Igreja Católica. – Brasília : Edições CNBB, 2013.