Os países mais felizes do mundo não são os mais rico

Relatório da ONU mostra que a Finlândia é o país mais feliz do mundo, não por sua economia, mas pela confiança nos sistemas nacionais e do equilíbrio entre vida profissional e pessoal

“A felicidade é ter um chalé e um campo de batatas.” Este é um ditado finlandês que define o que é felicidade. E a Finlândia (Norte da Europa) está em primeiro lugar no Relatório Mundial da Felicidade. A classificação provavelmente tem mais a ver com a confiança nos sistemas nacionais e um equilíbrio saudável entre vida profissional e familiar do que as batatas e os chalés.

Nas últimas décadas, formuladores de políticas públicas e empresas têm crescentemente olhado para medidas de bem-estar como um indicador de progresso. Considerado como um objetivo fundamental humano pelas Nações Unidas, a organização publica um relatório anual sobre a felicidade desde 2012.

Dos 35 países que são membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), todos, menos um, coletam dados sobre bem-estar como parte de suas estatísticas nacionais. Os Emirados Árabes Unidos têm, inclusive, um ministro da felicidade.

Um esforço para estudar o bem-estar surgiu da frustração com as limitações do PIB, a medida padrão global de crescimento, dizem os economistas. De fato, os países mais felizes, de acordo com o Relatório Mundial da Felicidade, não são os mais ricos. Os Estados Unidos, a maior economia global, caíram quatro posições em 2018, em parte, devido ao enfraquecimento dos sistemas de apoio social.

“No plano político, temos a persistente sensação de que o crescimento não está se traduzindo em bem-estar humano”, diz Jan-Emmanuel de Neve, economista da Universidade de Oxford.

Apoio social e liberdade de escolha

O relatório depende de uma pesquisa mundial feita pela empresa de pesquisas Gallup, que inclui questões sobre apoio social (se você está com problemas, você tem amigos ou parentes com os quais pode contar quando precise?) e sobre a liberdade de escolha (você está satisfeito ou não com a liberdade que tem para escolher o que quer fazer em sua vida?). A pesquisa pede que as pessoas meçam a sua vida imaginando uma escada, classificando sua melhor vida possível com um 10 e a sua pior com um zero.

“Não impomos nenhuma definição. Deixamos as pessoas falarem por elas mesmas. E isto é realmente muito poderoso”, diz De Neve.

Dados de bem-estar possibilitam que os países determinem e criem condições para isto, muitas vezes de formas inesperadas. Há uma década, o governo escocês lançou um marco referencial de bem-estar com uma visão de uma Escócia mais rica, mais justa, mais inteligente, mais saudável, mais segura, mais forte e mais ecológica. Usando indicadores de bem-estar, o governo tomou decisões políticas como a de unificar oito forças policiais em uma.

Previsão de comportamentos humanos

Esses dados também podem prever certos comportamentos humanos. Na Primavera Árabe, o bem-estar era um indicador melhor do descontentamento regional do que o crescimento econômico. A votação no Reino Unido pelo Brexit – a retirada do país da União Europeia -, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e outras ondas populistas podem ser compreendidas quando enxergadas pelas lentes do bem-estar, diz De Neve.

Em termos de política migratória, medidas de bem-estar oferecem uma boa forma de avaliar o êxito da migração, diz Johh Helliwel, economista canadense e editor do informe. Os migrantes acabam sendo tão felizes quanto a população dos países para onde migram, o que sugere que a felicidade de uma pessoa pode mudar dependendo da qualidade da comunidade.

Você não pode pegar um bilhão de pessoas e jogá-las em Helsinki ou Copenhague. É preciso se questionar: o que há nos países que os fazem ser um bom lugar para se viver. Não é só o petróleo norueguês, a alta tecnologia dinamarquesa ou as comunicações de Helsinki. Não se trata disso. É outra coisa … uns pensando nos outros, se ajudando mutuamente e como se tratam entre elas. E isto, é claro, pode ser melhorado em qualquer lugar.

Helliwell vê evidências de medidas de bem-estar chegando às cidades e locais de trabalho. Em Boston (Noroeste dos Estados Unidos), os administradores criaram, em 2016, o CityScore, para avaliar o bem-estar da população local e a sensação de segurança. Depois de uma queda nos indicadores de segurança, a cidade identificou um culpado inusitado: o tempo necessário para instalar e manter a sinalização.

Matéria da Gazeta do Povo

 

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