Um dia vi uma frase na traseira de um caminhão que dizia assim: “Enquanto os normais dormem os loucos abastecem o Brasil”. E diante dessa greve será que não podemos para pensar o seguinte:
Agora que os “Loucos” pararam de trabalhar quem sabe os “normais” acordem!!!
Acho que a chamada literatura submersa de frase de caminhão, foi muito feliz para conduzir a sociedade e autoridade a uma sabia reflexão….
Não será que os loucos, tinham “razão”, nem que seja em parte?
Mas trocadilhos a parte, avaliamos que o recado já foi dado, e está na hora das lideranças do movimento, começarem a liberar seletivamente as vias, a partir dos carros com produtos perecíveis, oxigênio, medicamentos, transporte de animais e produtos essenciais como os combustíveis, gás, etc…
O recado foi dado, e o mais importante, partindo de uma categoria sem partidarismo, mas com enorme poder de mobilização. Que o Governo entenda, que a tolerância de um povo tem limites.
O Gigante acordou. Ainda bem…
O movimento serviu fundamentalmente também, para ficar claro os erros estratégicos e históricos, iniciados no período dos governos militares e dos demais que os sucederam até os dias atuais, que fizeram nos anos 60 a 70, a opção pelo investimento no período do chamado “Milagre Brasileiro” pelo transporte modal de cargas por via rodoviária. Dependentes e caro, o transporte rodovia foi um equívoco estratégico, ao contrário dos investimentos em infraestrutura de vias ferroviárias definitivas e muito mais econômicas.
Não se concebe, que em um país com dimensões continental como o Brasil, ficar dependente de transporte rodoviário, quando no mundo moderno, requer mais opções pelo ferroviário e hidroviário intermodal, com o rodoviário ficando só para a distribuição final. Da mesma forma, o Brasil deveria ter investido muito mais oleodutos e gasodutos, muito mais econômico e racional para a distribuição dos combustíveis, prova maior, foram partes dos aeroportos, que não foram afetados pelo movimento, por já serem dotados do modal de oleodutos. A nível do transporte urbano de massa, precisamos de maiores investimentos numa maior rede de metrô e VLT de superfícies, para o transporte de massa.
Queria Deus, que a sociedade diante da força do movimento dos caminhoneiros, apoiado por diversas outras categorias, despertem ao lado da classe política e dos gestores públicos dos três poderes, do Executivo, Legislativo e judiciário, que o gigante acordou, ainda um pouco sonolento, mas que não deve mais recuar, e vai em busca de melhorias.
Esta na hora do combate sistêmico, a corrupção, fins dos privilégios e mordomias em todos os níveis, reformas do Estado, moralidade da classe política e do judiciário, baixa efetiva dos juros e redução do rentismo. Precisamos melhorar em muito a qualidade na aplicação do recursos públicos, e uma grande reforma tributária, onde a renda seja mais tributada do que o consumo, e descentralização da aplicação dos recursos , para que possamos ter: “Menos Brasília e Mais Brasil”.
Ricardo Valério Costa Menezes
Presidente do Conselho Regional de Economia do RN