Ícaro Carvalho
Repórter
A melhora no cenário da pandemia, festas de fim de ano e a recuperação da economia fizeram com que o número de pessoas desalentadas voltasse a registrar queda considerável no Rio Grande do Norte. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os desalentados, isto é, pessoas que não trabalham e desistiram de procurar ocupação no momento da entrevista do órgão, caíram 29% no Estado no último quadrimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020. Em números absolutos, foram 63 mil potiguares que saíram do desalento num intervalo de um ano.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNADC/T), de outubro a dezembro de 2021, havia 152 mil potiguares em situação de desalento. No trimestre anterior, eram 170 mil. A queda foi de 11% nesses períodos.
Para o IBGE, são considerados desalentados aqueles que não estavam trabalhando nem procuraram emprego nos últimos 30 dias, mas que declararam ter interesse e disponibilidade para trabalhar na semana em que foram entrevistadas.
“Os desalentados são as pessoas que gostariam de trabalhar, estão disponíveis para assumir um posto de trabalho, porém, não procuraram emprego nos últimos 30 dias da visita do IBGE. São as pessoas que estão desacreditadas do mercado. É como se estivesse desesperançosa. E o ano de 2020 e 2021, foi um período atípico, com a pandemia. Tivemos aumento dessas pessoas que não procuraram emprego nesse período, seja por achar que não iam encontrar trabalhos seguros na pandemia, seja por estar desesperançoso com a questão econômica ou por achar que não vai ter uma oportunidade”aponta o supervisor e técnico de informações específicas do IBGE, Samuel Marques.
Com 152 mil potiguares em situação de desalento no último trimestre, o número de pessoas no Rio Grande do Norte neste contexto vem diminuindo desde o último trimestre de 2019, patamares pré-pandemia. “O quatro trimestre de cada ano, historicamente, consegue absorver essa demanda latente”, acrescenta Samuel Marques.
“A queda dos desalentados no RN pode ser devido a uma recuperação da economia que estamos tendo nesse período pandêmico, especialmente 2021 com a vacinação. Essa recuperação faz com que as pessoas que não estavam mais buscando o emprego, os desalentados, passam a procurar, a visualizar oportunidades de emprego”, avalia Suerda Soares, economista e gerente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte (Corecon-RN).
Outro indicador que também apresentou redução no Rio Grande do Norte é o da subutilização da força de trabalho. Esse índice considera as pessoas desocupadas, as subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial (indisponíveis e desalentados). No RN, essa taxa foi de 32%, taxa de patamares pré-pandemia. A redução de 4,7 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Em comparação com o último trimestre de 2020, a taxa era de 40,2%.
“Além da recuperação da pandemia, esse quatro trimestre é um período tradicional de contratações. Temos festas natalinas, festejos, é um período que, as pessoas que passaram o ano inteiro sem procurar emprego, porque achavam que não iam conseguir, voltem a vislumbrar oportunidades”, explica Suerda Soares.
Um potiguar nesta situação é o natalense Elízio Carvalho, 50 anos, que procura um emprego com horário fixo e condições melhores de trabalho para poder se manter. Atualmente, trabalha como motoqueiro, mas diz que os ganhos não são suficientes.
“Estou trabalhando de mototaxi, mas é um negócio que é pingado. Tem dia que dá, que não dá. O comércio é assim. Estou desempregado há dois anos e meio. Sempre faço os bicos, sou desenrolado. Fui demitido na pandemia, trabalhava como porteiro. Vendi máscaras também e água no verão, sempre ganhando meu dinheiro e pagando as contas”, aponta. FONTE: Tribuna do Norte