Aluísio Alberto Dantas [1]
Os cenários macroeconômicos pós-pandemia são favoráveis à recuperação da economia brasileira em 2021, com uma projeção de crescimento de 3% do produto interno bruto nacional (PIB). A análise da conjuntura econômica brasileira divulgada pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, no dia 30/03/2021, “aponta que o segundo semestre do ano deve ser marcado pela retomada do crescimento do PIB e pelo aumento da confiança de consumidores e empresários a partir do avanço da cobertura vacinal contra a Covid-19”.[2] As conclusões do Ipea estão apoiadas em hipóteses de controle da pandemia, ajustes nas contas públicas e crescimento da demanda agregada de bens e serviços do Brasil. Confirmados os pressupostos que fundamentam a pesquisa, com uma queda estimada em 0,5% do PIB total no primeiro trimestre deste ano, até o final de 2021 o País deverá registrar crescimento nos três setores da economia nacional. As projeções macroeconômicas do Ipea são as seguintes:
A Carta de Conjuntura do Ipea projeta ainda uma inflação de 4,6% em 2021, mesmo considerando o risco de surpresas inflacionárias adversas do início do ano, especialmente em relação aos preços administrados; inesperadas mudanças na taxa de câmbio; e aceleração dos preços das matérias-primas no mercado internacional. As projeções do Ipea ressaltam preocupações com o grau de incerteza dos efeitos positivos da vacinação do Covid-19, no sentido de pouco contribuir com a expansão da confiança de consumidores e empresários, considerando a possível volta do crescimento no número de casos de Covid-19, o que representa fator de risco para a continuidade do processo de recuperação da produção, emprego e renda da economia nacional.
A previsão de crescimento econômico, anunciada pelo Ipea, é favorável ao processo de retomada do equilíbrio das relações socioeconômicas de produção e de distribuição de bens e serviços, podendo contribuir com a geração do emprego e da renda de trabalhadores, empresas e demais organizações. A pandemia mostrou a necessidade de políticas públicas voltadas para a dignidade humana e justiça social; fortalecimento de políticas de distribuição de renda e redução das desigualdades sociais; combate à pobreza, à fome e à miséria humana; segurança pública, violência e mortalidade nas áreas metropolitanas; educação formal e profissional; serviços de saúde; sistema previdenciário; emprego, ocupação e geração de renda na agricultura; gêneros na divisão do trabalho, trabalho infantil e garantia de renda mínima. Enfim, o retorno à normalidade macroeconômica é favorável ao fortalecimento da economia social pós-pandemia.
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[1] Economista; Professor de Economia da UFRN (aposentado); Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Pós-Graduação do UNI-RN.[2] IPEA. Carta de Conjuntura Nº 50. <www.ipea.gov.br> Acesso: 02/04/2021.