Por Igor Jácome, G1 RN
Uma proposta entregue nesta terça-feira (15) ao Ministério da Infraestrutura prevê R$ 3,6 bilhões em investimentos para implantação de um novo terminal portuário em Natal e a adaptação do atual porto da capital ao custo de R$ 3,6 bilhões. De acordo com a proposta, os investimentos são de longo prazo e poderiam ser realizados por etapas.
O projeto defende a construção de um terminal na margem esquerda do Rio Potengi, em frente ao porto atual, além da construção de corredores logísticos, uma terceira ponte sobre o rio, recuperação da área degradada de mangue, entre outros investimentos em infraestrutura logística – como um ramal ferroviário, entre o porto, o aeroporto e Zona de Processamento de Exportações. Juntos, os investimentos chegariam a quase R$ 7 bilhões.
A proposta foi elaborada pelo Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) em parceria com uma consultoria italiana e escritórios brasileiros e entregue pelo senador Jean-Paul Prates (PT) em audiência com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, nesta terça-feira (14). A reunião, que também contava com a presença do secretário de Agricultura do Estado, Guilherme Saldanha, e do coordenador da bancada potiguar no Congresso, deputado federal Benes Leocádio (Republicanos), foi realizada inicialmente para discutir gargalos operacionais no porto da capital.
“A proposta do Complexo Portuário do Potengi pode dar um novo fôlego à economia potiguar. Ele vai ser uma instalação integrada com outros modais de transporte, com capacidade para receber navios de porte muito superior aos que utilizam o atual porto e com baixo impacto ambiental. O prazo para implantação do novo terminal portuário, do corredor logístico e do ramal ferroviário que integram esse projeto é relativamente curto: de 3 a 5 anos. Os investimentos seriam amortizados em 20 anos a partir das tarifas obtidas pela movimentação de cargas”, disse o senador.
Segundo o Secretário de Agricultura, Guilherme Saldanha, o esboço do novo porto deverá ser analisado pelo governo federal, para ser considerada a possibilidade do investimento ou de uma parceria com a iniciativa privada.
“A verdade é que o atual porto de Natal se demostra muito pequeno, diante das perspectivas que temos de novas exportações, como a abertura do mercado chinês, para a fruticultura, entre outras. Já termos dificuldades de operação. A gente precisa de um porto novo”, considerou Saldanha.
O novo porto seria instalado em uma área de aproximadamente 9,0 km², localizada na margem esquerda do rio Potengi, em frente ao atual Porto de Natal, com 1000 metros de cais acostável linear e retro área de 1km², aproveitando o canal de acesso e a bacia de evolução (espaço para manobra dos navios) existentes.
Conforme a proposta, a estrutura prevista para para o novo porto teria três pátios para contêineres, sendo um para vazios, um para importação e outro para exportação, pátios destinados à movimentação de granéis sólidos (minério de ferro, feldspato, calcário, caulim etc.) com esteiras transportadoras acopladas a carregadores de navio. Também seriam construídos pátio de tancagem de combustíveis e produtos químicos com capacidade para 80.000,0m³; além de todas as infraestruturas logísticas necessárias.
Propostas de investimento
- Novo Terminal Portuário da Grande Natal, porto seco (ZPE) e adaptação do Porto de Natal
– Tempo de Execução: 3 anos e 4 meses
– Investimento Estimado: R$ 3,6 bilhões - Corredor Logístico (integração rodoviária), Terceira Ponte e Parque Urbano Ecológico
– Tempo de Execução: 3 anos e 8 meses
– Investimento Estimado: R$ 580 milhões - Ramal Ferroviário (Natal-Assu-Macau-Mossoró-Jucurutu-Caicó)
– Tempo de Execução: 4 anos e 9 meses
– Investimento Estimado: R$ 2,8 bilhões
Gargalos
Saldanha explicou que a reunião com o ministro teve enfoque principal na resolução de problemas estruturais mais urgentes, como a demora para o transporte de contêineres das carretas para os navios.
“O porto atual não tem guindaste. O transporte dos contêineres das carretas para o pátio e para os navios são feitos com equipamentos do operador do terminal, que estão velhos e sucateados. Carretas que eram para passar duas ou três horas e voltar para as fazendas para pegar mais contêineres estão passando um dia inteiro em Natal”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário, os carreteiros sequer têm um ambiente para se alimentar e esperarem o trabalho logístico e a demora também implica em aumento de gastos para os produtores, visto que os caminhões precisam continuar ligados para fornecer energia aos contêineres refrigerados. “Tudo isso coloca em dificuldade as exportações do estado”, pontuou.
Em nota, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte afirmou que fornece a infraestrutura portuária, complementada pelo operador portuário em função da carga a ser movimentada.
“No caso, o Armador, que faz o transporte de contêineres, tem o seu operador portuário que fornece e opera as máquinas empilhadoras de contêineres necessárias. Em duas ocasiões no último mês, essas máquinas apresentaram deficiências de manutenção que impactaram no fluxo normal de cargas, sem comprometer as previsões de saída dos navios”, disse.
A Codern ainda afirmou que busca soluções para os problemas decorrentes da movimentação de veículos de grande porte, principalmente na área da Ribeira, em Natal, compreendendo as limitações do bairro histórico. FONTE G1 RN