Evolução da economia do RN no final do século XX (1970-2000)

Até a primeira metade do século XX o Rio Grande do Norte (RN) ainda apresentava o perfil de uma típica economia primário-exportadora, pautada na agricultura de sequeiro, na pecuária extensiva e no extrativismo. No entanto, uma reviravolta vai acontecer no período seguinte, quando ocorrem mudanças profundas na base produtiva estadual.

De fato, no curto espaço de três décadas (1970-2000), registra-se uma alteração substancial na configuração da economia norte-rio-grandense, com as atividades primárias tradicionais reduzindo sua importância relativa, enquanto a indústria e, especialmente, os setores de comércio e serviços passam a liderar a composição do Produto Interno Bruto (PIB).

O salto da indústria potiguar ocorre no final dos anos 1970 estimulado pelo incremento da exploração de petróleo e gás natural via PETROBRAS, que se torna a “espinha dorsal” da nossa economia. Paralelo a isso, a indústria têxtil e de transformação em geral avança com o reforço dos subsídios da SUDENE e, em seguida, com a ajuda dos incentivos fiscais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (PROADI).

É também nos anos 1990 que a agropecuária estadual expande, mesmo tardiamente, a modernização de sua base técnica após a falência do ciclo do algodão, tendo como destaque a produção irrigada de frutas tropicais para exportação no polo Açu-Mossoró e em outras áreas dispersas no território estadual.

Já o setor terciário ganha relevância impulsionado pelo crescimento da urbanização e das atividades industriais concentradas na Grande Natal e em outras cidades de porte médio, como Mossoró. Nesse segmento, além do comércio varejista e no atacado, merece destaque o papel desempenhado pela expansão dos serviços de saúde e educação em todos os níveis. Ademais, as atividades turísticas passam a exercer um peso significativo em alguns municípios, principalmente naqueles localizados no litoral leste.

Esse amplo conjunto de transformações, apenas sumarizado aqui, repercute positivamente na capacidade de geração de riqueza no território norte-rio-grandense. Como mostra as séries históricas de estatísticas do IBGE, de 1970 a 2000, com exceção do início dos anos 1990, a taxa real de crescimento do PIB do RN foi superior à média do Brasil e do Nordeste.

Com efeito, merece destaque a performance obtida pelo PIB local na década de 1970, cuja taxa de crescimento variou acima de 10%. Nos anos 1980, a trajetória da economia estadual manteve seu ritmo acelerado, motivada pelo avanço da indústria do petróleo, perdendo velocidade nos primeiros anos da década de 1990, mas logo voltando a crescer 5,0% entre 1996-2000.

O RN termina o século XX, portanto, com um desempenho econômico bem acima da média brasileira e nordestina. De uma economia primário-exportadora, dependente da agropecuária e do extrativismo, o estado diversifica sua base produtiva e assume um perfil mais urbano-industrial, alcançado em 2000 a 19ª posição no PIB do Brasil e a 6ª posição entre os estados do Nordeste.

É pertinente sublinhar que as mudanças produtivas elencadas também agravaram as desigualdades intra-estaduais, com a riqueza se concentrando no entorno da Região Metropolitana de Natal e nos municípios que sediam as atividades dinâmicas do petróleo, da fruticultura etc. Outra questão desafiadora ao final do período analisado era a persistência de um alto nível de pobreza, que em 2000 atingia 45% da nossa população, conforme o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Diante desses e outros tantos desafios, o governo potiguar busca atrair investimentos públicos federais e privados visando ampliar a trajetória ascendente da economia estadual. Contudo, apesar dos avanços vindouros, o “elefante” não conseguirá manter o mesmo ritmo de crescimento e vai enfrentar muitos problemas em sua jornada no transcorrer das duas primeiras décadas do novo século.

Joacir Rufino de Aquino
(Economista, pesquisador e professor da UERN)

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