Teve início nesta sexta-feira (10), em Brasília, o encontro de funcionários do Sistema Cofecon/Corecons. O evento reúne 63 funcionários de quase todos os Conselhos Regionais de Economia para capacitação e troca de experiências, em especial nas áreas de fiscalização e gerência.
O presidente do Cofecon, Wellington Leonardo da Silva, destacou em sua fala de abertura a importância do evento como espaço de troca de experiências, mas também falou sobre a importância dos conselhos de fiscalização profissional. “Embora ainda não percebamos no dia a dia, eles se tornaram mais importantes, por causa dos ataques às representações dos trabalhadores. Os sindicatos estão fragilizados. Não há mais quem possa defender os interesses e direitos dos trabalhadores. O que sobrou, como representação dos profissionais? Os Conselhos. E não se iludam: nossa existência está em risco”, apontou o presidente.
O presidente também falou sobre o que considera três contradições sobre o que acontece no Brasil hoje. A primeira delas refere-se à produtividade: “Todos vocês já devem ter ouvido falar que um dos desafios do Brasil é a produtividade. Agora veja o contrassenso: o governo reduz em 30% os recursos para a formação de nível superior em universidades públicas. Como se aumenta a produtividade no mundo inteiro? Com conhecimento, acesso à informação, melhoria da formação da capacidade de cada um dos habitantes”.
A segunda contradição é o teto dos gastos. O presidente questionou como se pode falar em desenvolvimento de um país que congela os investimentos públicos por 20 anos. “Quando um economista que trabalha para uma prefeitura, ou para o governo do estado, corta 20, 30, 45% dos investimentos em saneamento, ele está matando gente. Mais pessoas vão adoecer por falta de acesso a saneamento básico”.
A terceira contradição é a carteira verde e amarela – um processo que definiu como “uberização do trabalho”. “No regime da carteira verde amarela você não tem direito a férias, FGTS, não tem direito a coisa nenhuma. Quando os jovens chegarem em busca do primeiro emprego, algum chefe de departamento de pessoal dirá pra ele: ou é carteira verde e amarela, ou a vaga não será sua. Precisamos estar atentos, porque estas questões afetam as nossas vidas”.
Em seguida, falou o vice-presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda. Ao falar sobre o momento econômico e político vivido pelo Brasil, afirmou que ele “nos exige, além da atuação na nossa função precípua, um posicionamento claro em defesa do estado democrático de direito, da liberdade de expressão, da liberdade de cátedra e da defesa do ensino”.
Lacerda falou sobre duas linhas de ação, uma de ordem tática/operacional e outra estratégica: “temos que aumentar nossa produtividade, melhorar a qualidade das nossas atividades do dia a dia, a questão financeira e operacional, e temos que ter uma visão estratégica de possíveis mudanças que poderão ocorrer, entre elas a desregulamentação. Pode ocorrer ainda neste ano, pode ocorrer nos próximos ou pode não ocorrer, porque estamos fazendo um trabalho junto ao Congresso Nacional para evitar esta pressão. Podemos trabalhar para fazer aquilo que já fazemos de maneira mais interessante e permanente, e nos prepararmos para possíveis tempos adversos”.
A programação do encontro de funcionários tem dois dias de duração e trabalhará temas como gestão financeira e estratégica, registro, recuperação de créditos, fiscalização de pessoa física e jurídica, valorização profissional e comunicação.
Fonte: Cofecon