Rentabilidade de bancos brasileiros é a maior em 7 anos e lucro bate recorde, revela BC

Resultados foram registrados no ano de 2018. Retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário alcançou 14,8% no final do ano passado. Instituições registraram alta no lucro em um cenário de juros elevados.

Por G1 — Brasília

A rentabilidade dos bancos brasileiros terminou 2018 no maior patamar em sete anos, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (11) pelo Banco Central. 

O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 14,8% em dezembro do ano passado. Ao final de 2011 estava em 16,5%. 

“Sistema brasileiro não é o mais rentável e nem o menos rentável [do mundo]. Está na média. Está bem próximo dos países emergentes”, afirmou o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Souza. Retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário (%)No fim do ano passado, atingiu o maior patamar em sete anosPORCENTAGEMdez/2011dez/2012dez/2013dez/2014dez/2015dez/2016dez/2017dez/201811121314151617dez/2012
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Fonte: Banco Central

De acordo com o BC, o sistema bancário manteve a trajetória de aumento da rentabilidade no segundo semestre de 2018, alcançando níveis pré-crise. 

“Nos últimos dois anos, os bancos públicos apresentaram um ritmo mais rápido na evolução dos resultados, atingindo níveis de rentabilidade mais próximos aos dos bancos privados”, informou o a instituição, no relatório de estabilidade financeira. 

Segundo o BC, o aumento da rentabilidade aconteceu, em 2018, apesar da “redução dos resultados de tesouraria [com títulos públicos], e da estagnação das carteiras de crédito corporativas [empréstimos para empresas]”. 

Acrescentou que essa alta da rentabilidade pode ser explicada, principalmente, pela redução das despesas de provisão (recursos que têm de ser apartados por conta de inadimplência) e dos custos de captação (queda da taxa Selic), e, também, pelos ganhos de eficiência operacional. 

O Banco Central avaliou, entretanto, que há “perspectiva de estabilização das despesas de provisão e do custo de captação” e, por isso, “a trajetória de aumento da rentabilidade tende a perder força”. 

Lucro do sistema financeiro

De acordo com o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões no ano passado e, com isso, bateu recorde da série histórica, que começa em 1994. 

“Em termos nominais, é o maior lucro com certeza”, afirmou o diretor de Fiscalização da instituição, Paulo Souza. Segundo ele, o patrimônio do sistema financeiro está na faixa de R$ 800 bilhões. LUCRO LÍQUIDO DOS BANCOS (EM R$ BILHÕES)RESULTADO FOI O MAIOR DA HISTÓRIA NO ANO PASSADO62,562,558,758,759,759,768,368,379,379,367,267,283,983,998,598,520112012201320142015201620172018020406080100120Fonte: BANCO CENTRAL

O diretor explicou que o aumento do lucro líquido dos bancos, no ano passado, está relacionado com o crescimento da carteira de crédito e, principalmente, “com melhora na redução das despesas de provisão, redução na margem com juros na carteira como um todo”. 

“O principal fator é de uma redução de R$ 20 bilhões em despesas com provisão [recursos que têm de ser mantidos em caixa para fazer frente a eventuais perdas com inadimplência]”, concluiu. 

No ano passado, o lucro dos maiores bancos do país cresceu. É o caso do Bradesco, do Itaú, do Santander, e do Banco do Brasil

Juros bancários e lucro do sistema financeiro

O aumento da rentabilidade dos bancos brasileiros acontece em um cenário de juros bancários elevados. Apesar de a taxa básica de juros, a Selic, estar no menor patamar da história (6,5% ao ano), as instituições financeiras ainda cobram taxas elevadas

Em algumas linhas de crédito, os juros são próximos de 300% ao ano. A redução dos juros bancários é considerada um dos desafios da nova equipe econômica.

Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país. Essas informações sobre concentração bancária ainda não foram atualizadas para o ano de 2018. 

Em fevereiro, durante audiência pública no Senado Federal, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o sistema bancário brasileiro não é mais “concentrado” do que em outras economias desenvolvidas, e acrescentou que os bancos do país também são competitivos.

Para ele, inadimplência (35% do spread), os custos operacionais (25%) e os custos financeiros (25%) têm mais peso, no preço dos serviços oferecidos pelos bancos, do que o lucro dos bancos. O presidente do BC declarou que vai “trabalhar fortemente” para reduzir o “spread” e os juros bancários. 

Sistema financeiro robusto

Segundo o relatório de estabilidade financeira, o sistema bancário dispõe de capital robusto, em nível e em qualidade, plenamente aderente às regras de Basileia III (nível de capital próprio para poder continuar emprestando recursos a clientes e financiando projetos) e com capacidade para suportar o crescimento da demanda por crédito. 

“Os resultados dos testes de estresse de capital [simulações feitas pelo BC de piora do cenário econômico] seguem confirmando a resiliência do sistema bancário, que se mostra capaz de absorver as perdas estimadas em todos os cenários simulados”, acrescentou a instituição. 

De acordo com o BC, pesquisa realizada com instituições financeiras demonstra que o mercado “permanece confiante na robustez e na capacidade de o sistema financeiro absorver choques, porém mantém elevada a preocupação com os riscos relacionados ao cenário internacional e à aprovação das medidas necessárias para o equilíbrio fiscal”. 

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